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Corpos, músicas e imagens: a potencialidade estético-comunicativa das ambiências festivas de rua na cidade do Rio de Janeiro

Cíntia Sanmartin Fernandes.




A presente pesquisa pretende dar continuidade aos estudos realizados ao longo da pesquisa “Comunicação e culturas urbanas - músicas, sons e imagens contribuindo para a construção de múltiplas territorialidades na cidade do Rio de Janeiro” (trata-se de renovação de Bolsa PQ) , valorizando a vivência corporal que gravita em torno da música, do som e das imagens nas cidades, especialmente aquelas que colocam em cena a experiência da alteridade, que em geral produzem situações de mobilização social. Aliás, não há como seguir os atores e acompanhar suas experiências sonoras e imagéticas coletivas e não ser mobilizado ou, ao menos, afetado de alguma forma “corporalmente” (MERLEAU-PONTY, 2004; 1999) pelas sonoridades e imaginários das territorialidades que tecem o cotidiano da cidade.

Desse modo, dando continuidade à pesquisa antecedente, a investigação busca seguir compreendendo como e em que condições, distintos corpos, a partir de práticas artístico-culturais e interculturais, musicais, sonoras e imagéticas (grafite e moda) ocupam os espaços urbanos potencializando processos de ressignificação desses lugares por meio de “performances dissensuais” que inventam e reinventam múltiplas “territorialidades sônico-musicais” (HERSCHMANN; FERNANDES, 2014) e “ambiências” (THIBAUD, 2015) na cidade do Rio de Janeiro. Contextualizando o corpus na sociedade contemporânea, ancora-se a compreensão no entrelaçamento de uma perspectiva teórica fundada na teoria ecosófica e filosófica dos sentidos (MAFFESOLI, 2010, 2014 e 2017; RANCIÈRE, 1996 e 2020; MERLEAU-PONTY, 2004; SANSOT, 2004 e SIMMEL, 2013) - a qual sustenta-se na sabedoria sensível e no imaginário cotidiano - somada à uma episteme “corpográfica” provinda dos estudos urbanos contemporâneos - a qual considera que não apenas as espacialidades, mas, do mesmo modo, os movimentos e gestos do corpo indicam marcas e vestígios das experiências urbanas (JACQUES, 2012; CARERI, 2013; LA ROCCA, 2018). Enquanto estratégia metodológica adota-se o fazer cartográfico a partir da conjunção da “cartografia das controvérsias” (LATOUR, 2012), das fabulações especulativas” (HARAWAY, 2019) e da corpografia” (JACQUES, 2012; CARERI, 2013), a fim de seguir, por meio da deriva, os actantes humanos e não-humanos em suas composições e reagregações societais, tendo por meta elaborar uma plataforma digital/cartografia a qual apresente essas experiências sensíveis. Nesse sentido, propõem-se compreender as interações na/da cidade não somente como um aparato programado e planejado, mas como um espaço de comunicabilidades dinâmicas que se dobram e desdobram infinitamente, construindo espaços comunicantes e imaginários múltiplos. Implica, portanto, exercitar uma prática compreensiva que parte do fenômeno para explicar a sociabilidade contemporânea. Uma compreensão que considera a complexidade, a mutabilidade constante das conformações sócio-temporais-espaciais-corporais, em que a separação tempo/espaço, sujeito/objeto, natureza/cultura é posta “ em suspensão” no máximo de que são os corpos, em movimento na/pela cidade, nas experiências sensíveis de contato e interação social que agenciam asterritorialidades. O projeto de pesquisa segue vinculado ao projeto desenvolvido junto ao Grupo de Pesquisa Comunicação, Arte e Cidade (CAC) - o qual sou líder no CNPq – e à Linha de Pesquisa: Cultura das Mídias, Imaginário e Cidade do PPGCOM da UERJ.

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